Em Cortes de Cima, é a vez da segunda geração.
Em 2019, a filha mais nova, Anna, regressou à Vidigueira, onde cresceu com o irmão Thomas.
Pouco depois assumiu a gestão da herdade e iniciou um novo capítulo nos negócios familiares.
Viramos a página, deixando a agricultura convencional e intensiva do passado e optando por uma abordagem holística, regenerativa e orgânica. É o regresso às raízes da herdade antiga.
Em Cortes de Cima, o objetivo é produzir vinho de qualidade que reflita o lugar.
Abraçamos uma filosofia diferente, procurando fortalecer e qualificar a nossa comunidade local. Guiamo-nos pelos princípios da agricultura biodinâmica, recuperamos as antigas tradições, preservamos a diversidade genética e o património da região.
Mudámos para a policultura e trouxemos de volta os animais, com o objetivo de criar um ecossistema saudável, um pulmão verde para o nosso querido Alentejo.
O nosso objetivo é ser uma inspiração, para que outros façam o mesmo, através da transparência das nossas palavras e ações, do nosso compromisso em mudar e da nossa paixão pela terra.
Porque em resumo, a vida é um ciclo constante de mudança, é uma viagem, nem sempre fácil, mas urgente e possível, especialmente se a fizermos juntos.
Os nossos quatrocentos hectares de terra contígua oferecem-nos uma oportunidade única para seguir uma abordagem holística.
Transitámos da monocultura para a policultura e reduzimos a área total de vinha de 240 para 64 hectares na Vidigueira e 35 hectares na costa.
Já não somos apenas uma herdade produtora de vinho. Cortes de Cima é uma herdade que também produz vinho.
Visão holística da herdade
Estamos a descobrir o nosso território com a ajuda da sabedoria biodinâmica de Georg Meissner, aprendendo práticas regenerativas. Estamos a construir uma herdade viva com uma abordagem holística.
Fazemos uma viticultura à escala humana, cultivando a vida do solo, com a ajuda de animais e plantas, reduzindo a nossa dependência de inputs externos.
Um solo vivo
O foco está na regeneração da vida do solo, criar um solo vivo que possa sustentar as videiras naturalmente. Melhoramos a sua estrutura através de cobertos vegetais espontâneos e semeados. Limitamos as passagens de tratores para evitar a compactação do solo. Minimizamos a movimentação do solo para não perturbar a vida nas primeiras camadas. No fim da primavera passamos um rolo pelo coberto vegetal que o torna numa manta natural, protegendo o solo da exposição solar direta.
Os
Animais
Os animais estão de regresso à herdade – gansos, galinhas, ovelhas, burros e vacas. Seguimos uma abordagem holística, alternando as áreas de pastagem para melhorar a qualidade do solo com a sua matéria orgânica.
Seguimos uma abordagem holística, alternando as áreas de pastagem para melhorar a qualidade do solo com a sua matéria orgânica.
Os animais mantêm a vegetação aparada enquanto fertilizam naturalmente o solo, minimizando a necessidade de controlo mecânico ou manual de ervas daninhas e a utilização de químicos.
O estrume de vaca também é usado para fazer as nossas próprias preparações biodinâmicas e composto. As galinhas e gansos ajudam a equilibrar as populações de insetos. O objetivo é dar mais um passo em direção ao fecho do ciclo, sendo menos dependentes de inputs externos. Ao mesmo tempo a presença dos animais no sistema agrícola traz uma energia importante à herdade.
Um pulmão verde - Floresta
Transplantámos e salvámos 2000 oliveiras centenárias de uma propriedade vizinha, de onde foram arrancadas e substituídas por uma plantação intensiva de oliveiras.
Estas árvores são a essência da verdadeira ancestralidade do Alentejo.
Preservá-las significa salvaguardar um património genético único, mais adaptado à sobrevivência, resiliente e autêntico.
Estudamos
o nosso solo
This knowledge has guided our reduction of vineyard area, focusing on the vineyards with the highest quality potential and the ability for the resulting wines to express their terroir as well as a sustainability point of view, selecting the soils that rely on the least amount of external inputs, with higher water holding capacity, better natural fertility and the ability for the roots go deep and feed in the cracks of the mother rock.
Com o especialista em terroirs, Pedro Parra, fazemos um estudo aprofundado do solo da nossa herdade.
Através do mapeamento da condutividade eletromagnética (EM) e de inúmeras sondagens de solo, ganhamos uma compreensão detalhada dos nossos solos e dos vinhos que deles resultam.
O REGRESSO DAS VINHAS ANTIGAS E INDIGENAS
É um novo capítulo para nós, trabalhar com material genético antigo que se desenvolveu ao longo de séculos neste lugar e, como tal, está melhor adaptado às nossas condições climáticas.
Preservar a diversidade genética trará resiliência e uma identidade mais forte aos nossos vinhos.
A poda é uma arte feita pelas mãos cuidadosas de nossa equipa.
Respeito pela vinha
Estamos a aprender com o mestre da poda, Marco Simmonit, a respeitar a videira, a sua estrutura natural e o seu fluxo vascular.
Uma abordagem de poda manual e respeitosa promove uma ligação harmoniosa, próxima entre a videira e a sua cuidadora. A videira é uma trepadeira e gosta de crescer. Por isso, a poda tem de permitir que essa sua vontade se cumpra. Tem sido esta a aprendizagem da nossa equipa e é isso que temos vindo a fazer.
As intervenções em verde, como a poda em verde, são de grande importância e a sua abordagem varia consoante as necessidades de cada planta.